Ata do IV Encontro Brasileiro de Ecolinguística
IV ENCONTRO BRASILEIRO DE ECOLINGUÍSTICA (IV EBE)
De 25 a 27 de junho 2018 realizou-se na Universidade Fedeal do Ceará, Fortaleza, o IV Encontro Brasileiro de Ecolinguística. Foi um encontro histórico, uma vez que contou com a presença do maior incentivador e principal mentor da Ecolinguística no mundo, Alwin Fill (Professor Emérito da Universidade de Graz, Áustria), que fez a conferência de abertura, intitulada (1) Ecolinguistics: Its origin and its evolution in the 21st century. No segundo dia, tivemos a conferência de (2) Pere Comellas Casanova (Universidade de Barcelona, Espanha), O ecossistema linguístico catalão e os discursos sobre as línguas; no terceiro, a de (3) Dioney Moreira Gomes (Universidade de Brasília): Língua munduruku, pajés e Amazônia brasileira: diálogos entre Etnoterminologia e Ecolinguística. Houve ainda três mesas-redondas. A primeira, (I) Novos rumos da Ecolinguística, constou das seguintes apresentações: (1) de Marco Antônio de Oliveira (aposentado da UFMG e atual professor da PUC-Minas, ambas de Belo Horizonte): Ecolinguística e linguagem como sistema adaptativo complexo: um diálogo possível; (2) Ubiratã Kickhöfel da Silva (Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre): Desafios e implicações de uma caracterização ecológica para o construto 'inteligibilidade em Língua Estrangeira': reflexões teóricas; (3) Hildo Honório do Couto (Universidade de Brasília): Fonelogia: argumentos em prol de uma fonético-fonologia ecossistêmica. O objetivo dessa mesa foi mostrar que o modelo da Linguística Ecossistêmica pode e deve ser estendido a outras áreas da linguagem e não apenas aos discursos ambientais ou a a análise do discurso em geral. No segundo dia tivemos a mesa (II) Linguística Ecossistêmica: possibilidades de aplicação:, composta por (1). Anderson Nowogrodzki da Silva (UnB): Avatares: o uso de máscaras digitais em simulacros virtuais; (2). Elza Kioko Nakayama Nenoki do Couto (UFG): Abordagem linguístico-ecossistêmica da linguagem rural de Major Porto (MG); (3). Maria Célia dias de Castro (Universidade Estadual do Maranhão, Balsas) & Gisélia Brito dos Santos (Universidade Federal do Maranhão, Balsas): Maranhense: e por que não timbira? Discussão gramatical sobre os adjetivos pátrios gentílicos à luz da Ecolinguística; (4) Lutiana Casaroli & Elza K. N. N. do Couto (ambas da UFG): A ecologia da interação comunicativa no jornal 'O Popular'. A terceira mesa-redonda foi (III) Análise do Discurso Ecossistêmica/Ecológica (ADE), com as apresentações (1). Cláudia Borges de Lima Araújo (UFG): Um estudo sobre o corpo na revista 'Boa Forma' sob a perspectiva da interação comunicativa proposta na ADE; (2) Zilda Dourado (UEG-Quirinópolis, GO), Língua, cultura e cerveja: um estudo ecolinguístico de rótulos de cerveja artesanal; (3) Diego Forte (Universidad de Buenos Aires, Argentina), De la naturaleza a su mesa: el referente ausente en el conflicto Cresta Roja. Em seguida, tivemos 28 comunicações individuais. (1) Rubens Damasceno-Morais (UFG): O apaziguamento ritualizado em interações conflituosas entre magistrados; (2) Genis Frederico Schmaltz Neto (ECO-REBEL): Meio ambiente espiritual; (3)
Sirlene Antônia Rodrigues Costa (UEG-Anápolis/UFME): Festival do Çairé/Sairé em Alter do Chão: o home, o lugar e a língua; (4) Wesley Alves de Araújo (UFRJ): Pensando a adaptação de intérpretes em um ecossistema cultural no além-mar: reflexões iniciais; (5) Mario Luís Monachesi Gaio (UFF-FAPERJ): Territórios virtuais: isolamento ou ampliação do espaço de comunicação? (6) Davi Borges de Albuquerque (SEED-SE/NELIM): Revisitando a ecolexicografia; (7) Beatriz Furlan (UNICAMP): Mitologia e espaço geográfico; (8) Cléber Cézar da Silva (IFG-Urutaí/GO, UnB): A língua de MH e as relações interativas de acordo com a ecologia da interação comunicativa; (9) Davi Borges de Albuaquerque (SEED-SE/NELIM), Mahnaz Talevi Dastenaee (Alzara University, Irã) & Hamide Poshtvan (Alzara University, Irã): Toponymy in Ecolinguistics: Contransts among different processes of naming places; (10) João Nunes Avelar Filho (UEG-Formosa, GO): A curraleira enquanto expressão cultural do cerrado;
(11) Greicy de Jesus Coelho (UFAM): Letramento no ensino de língua portuguesa da zona rural do município de Manaus: um estudo da Ecolinguística; (12) Kênia Mara de Freitas Siqueira (UEG/UFG): O topônio cerrado: considerações ecolinguísticas acerca do termo; (13) Maria Lucimar Vieira Bezerra, Ângela Maria Onofre da Silva Lima & Francisco José Assunção da Silva (SEDUC/CE): Cine holliúdy: o falar cearensês, uma comunidade de fala; (14) Celia Rosa González Estay (Universidad Arturo Prat, Iqueque, Chile): Modelo conceptual ecolingüístico basado en la Teoría General de Sistemas (TGS): una propuesta; (15) Nathalia Martins Peres Costa (UnB) & Dioney M. Gomes (UnB): Etnoterminologia dos discursos de puxadores de ossos / desmentiduras munduruku em sua interface ecolinguística; (16) Naziozênio Antônio Lacerda (UFPI): O rio e o pescador: uma análise do meio ambiente natural da língua na lenda do Cabeça de Cuia; (17) Francisco Wellington Borges Gomes (UFPI/Unb): Pesquisa e formação de professores: uma análise dos impactos do TCC no curso de Letras-Inglês da UFPI em uma perspectiva ecológica; (18) Pedrita Mynssen Mello (UFRJ): Alsácia e Martinica: os contatos que originaram o atual cenário linguístico francês; (19) Roberta Rocha Ribeiro (UFG-Cidade de Goiás): A ecoetnografia como proposta de postura metodológica; (20) Alexandre António Timbane (UNILAB): A etnotoponímia dos nomes dos distritos das províncias de Gaza e Maputo: uma análise da identidade ecolinguística; (21) Andrea Turolo-Silva (UFC): A construção da identidade de uma AVA; (22) Andrea Turolo-Silva (UFC): Estudo da comunicação escrita mediada por computador à luz da teoria de sistemas complexos; (23) Alessandro Rezende da Silva (ISCP/DF) & Gilberto Paulino de Araújo (UFT-Arraias, Tocantins): Palavra solta: o vocabulário empregado por detentos o complexo penitenciário da Papuda-DF; (24) Natália de Paula Reis (UFG) & Elza Kioko N. N. do Couto (UFG): A Ecolinguística e o espaço urbano: uma análise de fachadas comerciais da cidade de Goiâia-GO; (25) Natália de Paula Reis (UFG): Um estudo multidisciplinar: pensando as interfaces entre Ecolinguística, Etnociências e Etnomedicina; (26) Lídia Amélia de Barros Cardoso (UFC): Diversidade lexical e proficiência em língua estrangeira; (27) Leosmar Aparecido da Silva (UFG) & Márcia Teixeira Nogueira (UFC): Construções tautológicas equativas: a manifestação da cultura na gramática da língua. (28) Vera Lúcia dos Santos Alves (UCP) & Moab Duarte Acioli (UCP): O léxico poético de Manoel de Barros à luz da endo- e da exoecologia. Contando conferências, apresentações em mesas-redondas e comunicações, o IV EBE contou com um total de 41 trabalhos. Temos ainda os seguintes trabalhos que foram inscritos, mas não apresentados: (1) Lucas Hemetério (UFG): A dinâmica da transformação linguística nas redes de interação online: um estudo da sustentabilidade da língua pelo viés da Ecolinguística; (2) Heloanny de Freitas Brandão (ESUP/FGV): A (des)comunhão na sociedade líquida: um olhar ecolinguístico para o ambiente virtual; (3) Djiby Mane (UnB): Uma análise do discurso ecológico sobre a prática da excisão na África Ocidental; (4) Katiuscia Sartori Silva (UFES): Os contatos linguísticos no ES: a história do Vêneto em São Bento de Urânial, Alfredo Chaves. Como se pode ver, o IV EBE foi praticamente internacional, pois contou com participantes da Áustria, da Espanha, da Argentina, do Chile, de Moçambique e do Irã. O evento decorreu em um clima de satisfação pelas trocas de experiência e pelos contados pessoais. Por ser um encontro temático e pequeno, não houve sessões paralelas, de modo que todo mundo teve a chance de assistir a tudo. Efetivamente, foi um encontro memorável. Ao final dos trabalhos sugeriu-se que o IV EBE seja realizado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em 2020, sob a coordenação de Ubiratã Kickhöfel da Silva. Diante da presença de Diego Forte (Argentina) e Celia González foi sugerida a criação de alguma coisa como uma Associação Latino-Americana de Ecolinguística/Asociación Latinoamericana de Ecolingüística (ALAE). Para o resumo dos trabalhos apresentados, ver Caderno de Resumos no site da Linguística Ecossistêmica.